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domingo, 6 de setembro de 2009

O Quase Beijo

Há tempos gestos permeiam a minha cabeça, e idéias teimam em martelar-me.
São tantas coisas a colocar em ordem que às vezes perco o rumo.
Já desisti da ordem cronológica, ao pé do tempo... Não me recordo tão bem assim de certas coisas para isso. Nem me pego a detalhes que me vem em mente, porque se assim o fizesse, o leitor certamente perderia o juízo tentando compreender a ordem que eu acabei de abandonar.
Mas mesmo assim, farei uma tentativa. Existem certas coisas que só saem da cabeça se realmente as tirarmos. Então começarei com um relato.
O fato é que na verdade, ninguém nunca saberá o que se passa conosco, e nem poderia... É tudo tão secreto quanto o segredo por trás da morte, e tão discreto quanto um carro alegórico.
O erro do ser humano é achar que tudo é carne. E digo, nem todos os prazeres do mundo se comparam a emoção de um quase beijo!
Falo da discrição alegórica, como diz alguém que a conhece muito bem. Se reparassem nos olhos, entenderiam o que digo.
Chega um momento em que as mãos se buscam sozinhas,que os braços se torcem,envolvem e apertam espontaneamente o tronco, o corpo, os ombros e o pescoço se fazem presente. E a boca se anseia e se abre, num gesto quase involuntário, os olhos se fecham perdidos no calor do corpo.
O coração pula e é como se tudo ao redor não existisse, as pernas permanecem imóveis, o corpo vacila. E quando os olhos se encontram e o querer é quase incontrolável... Ele volta à realidade e a beija a testa.
Pedindo perdão por não conseguir conter esse sentimento. Por não destruir aquela raiz que ela se transformou dentro do peito.
Para ele, ela é a figura mais bonita que os olhos puderam contemplar. E eu repito... Se reparassem nos olhos, temo que descubram toda a verdade, que só eles enxergam.
Ele dizia que eram de planetas completamente diferentes,ela não o desmentia,eram de verdade, mais não podiam negar que se completavam de maneira absurdamente única.
Ele chegara à conclusão que ela era a "menina" certa na hora completamente errada. Não para ela, e sim para ele, que teimava a tentar encontrar uma solução lógica para aquele impasse.
Não sei se já lhe contei leitor, mas aquele amor era a coisa mais errada que podia acontecer, era o que a sociedade mais criticava e contestava. Afinal, ele era um homem comprometido perante Deus e os homens... Não tinha mais o direito de olhar para nenhuma outra... Se não fosse pelo olhar dela no outro canto da sala em certa aula.
E ela...?! Até tentou, mais ninguém lhe tirava aquele sorriso da cabeça, ninguém preenchia aquele buraquinho. Nenhum cara era ele, e foi assim que ela simplesmente parou de procurar uma solução para aquele vazio.
Só o fato de estar ao lado dele já a fazia feliz. Por que, repito, nem tudo é carne.
No começo ela achou que enlouqueceria com tanta paixão guardada no peito. Mas acabou descobrindo que era muito mais que isso, e aprendeu a lidar com certos caprichos do coração.
Ele, já havia se penitenciado demais, por chegar a um dia inteiro só nela. Agora isso já não tinha tanta importância, já era rotina fugir de tudo e lembrar-se dela.

Um comentário:

  1. Os detalhes,suspiros escondidos... tudo o que você é capaz de revelar nesse texto sempre me faze viajar.

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