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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Morango com leite.


Ela escolheu a mesa do canto. Depois de muita conversa, pediram o suco.
Conversas pontuadas por silêncios. Aquele lugar girava, a deixava tonta, tudo parecia fora do lugar. Ela estava fora do lugar.
Uma ligação. Duas. Um sorriso. Conhecidos que entravam e saiam. Todo o tipo de memória perdida pelos anos tentando ser restaurada.
E a sensação de que deveria estar em qualquer lugar a não ser ali crescia. Ensaiaram ir embora.
Uma. Duas. Três vezes.
No fundo, eles não queriam ir. Não sabiam se deveriam sair. Porque sair implicava em se separar, e eles não queriam aquilo. Mas a conversa socialmente aceita acabou.
E mesmo saindo daquele lugar a cabeça dela ainda girava. Ainda faltava o seu lugar no mundo.
Se despediram com um abraço.
Um minuto, dois... e então mundo parou de girar. Não que fizesse sentido, mas ali ela soube, com uma certeza apavorante que era ali o seu lugar.
O toque, a forma como arrumar o cabelo, o beijo na testa. Ela não queria sair dali. Nem em mil anos, não sentiria vontade de sair.
Ele tinha que ir embora. A razão dela a mandava sair correndo. Mas não adiantou. Ele ignorou o horário, ela ignorou a razão. Ambos sabiam do risco, das consequências, dos contras, mas não podiam negar que ali era o seu lugar no mundo.

Horas depois ela não sabia por em palavras o que ocorreu a seguir.
Cada lembrança era marcada por uma sensação, por um sentimento tão forte que a tirava do chão cada vez que vinha a mente. Mãos. Boca. Beijo. Cheiro. Uma frase.

- Esperei sete anos por esse beijo.

Sete anos? Um tempo enorme separados. Ela quase não se lembrava de quem era a sete anos atrás... Se mudara tanto assim, da onde brotava aquela torrente de emoções? De onde vinha aquilo? Com um lampejo percebeu...Não importava.
Era como se tudo fosse apenas o sentir. Era só o que importava. Era só o que queria.

No fim, se despediu de olhos fechados e seguiu em frente, sem olhar para trás. Em parte porque se olhasse, não iria embora, e porque sabia que não podia voltar.

Aquilo tudo foi, acima de tudo um erro. Que não poderia se repetir nunca mais.

Porém, verdade seja dita.
Ela não se arrependeu nem por um segundo desse erro.



"And in the end, you're still my friend
At least we didn't tend"


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